sábado, 30 de outubro de 2010

A vitamina C favorecendo a cicatrização

   A vitamina C favorece a cicatrização de feridas através da estimulação da reentrada dos fibroblastos quiescentes no ciclo celular, promovendo a migração de células», revela um estudo desenvolvido por um grupo de investigadores do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) do Porto e da Universidade de Leicester (Reino Unido). Os investigadores confirmam, assim, o poder da vitamina C na regeneração da pele, incluindo no tratamento de cancros.
   Os autores da investigação salientam que a vitamina C contribui, deste modo, «para a manutenção de uma pele saudável, possuindo propriedades anti-oxidantes que protegem o DNA celular contra a danificação pela oxidação», e sublinham as conclusões agora tiradas «podem conduzir a avanços na prevenção e tratamento de lesões ou cancro da pele. 
Este estudo identificou novas propriedades protectoras da vitamina C nas células da pele humana, com base na identificação da expressão de genes que promovem uma melhor regeneração mesmo que haja danos no DNA de algumas células.
  Os investigadores analisaram o efeito da longa exposição de um derivado da vitamina C, o ácido ascórbico 2-fosfato (AA2P), em fibroblastos dérmicos humanos (células responsáveis pela regeneração da pele).
  Os resultados demonstraram que «a vitamina C protege a pele através da promoção da proliferação e migração de fibroblastos, permitindo também a reparação de potenciais danos no DNA».
  Em vez de se centrar apenas nos efeitos imediatos da simples adição da vitamina C às células, o estudo foi mais longe e focou-se nos efeitos da exposição contínua de que resultaram «fibroblastos mais capazes de cicatrizar os danos resultantes da oxidação do DNA, aumentando o número de células que migraram para a área danificada, o que indica melhoria na cicatrização», afirmaram os investigadores.

membrana basal

MEMBRANA BASAL


Membrana basal é uma fina camada de matriz extracelular especializada, sintetizada em conjunto pelas células epiteliais e os fibroblastos presentes na lâmina própria. É considerada como que fazendo parte do epitélio, tendo a função de unir esta estrutura à lâmina própria e, representando a transição para a camada superficial da lâmina própria. Juntamente com o arcabouço fibroso da lâmina própria, forma a sustentação da mucosa da prega vocal. É uma estrutura importante para vibração da mucosa, pois, assim como a lâmina própria, promove elasticidade e, ao mesmo tempo, resistência às pregas vocais. A membrana basal normalmente não é observada, em detalhes, em lâminas coradas pela hematoxilina-eosina (H.E), técnica rotineiramente utilizada nas preparações histológicas para microscopia de luz.
A microscopia eletrônica é o melhor meio para o estudo desta estrutura. A ultra-estrutura mostra que a membrana basal da prega vocal está formada por três regiões que são denominadas, da superfície para profundidade, como: lâmina lúcida, lâmina densa, e lâmina reticular. Como já mencionado, sua principal função é a adesão do tecido epitelial ao conjuntivo, que é realizada por meio das fibrilas de ancoragem. Estudos mostram que as fibrilas de ancoragem (colágeno tipo VII) partem da lâmina densa para a camada superficial da lâmina própria, onde mudam de direção para voltar à lâmina densa. As fibras de colágeno tipo III da Lâmina reticular passam através dos "elos" formados pelas fibrilas de ancoragem, formando uma "corrente" que adere firmemente o epitélio da prega vocal à lâmina própria. Em relação à sua composição química, técnicas de elétron imuno-histoquímica mostraram que a membrana basal é composta, principalmente, por três tipos de macromoléculas: colágeno tipo IV, laminina e o proteoglicano heparam sulfato. O colágeno tipo IV é o responsável pela força e elasticidade da membrana basal, enquanto que laminina e o proteoglicano heparam sulfato estão relacionados com a adesão celular e no controle da passagem de substâncias através da membrana basal. Fibronectina e entactina são glicoproteínas encontradas na membrana basal, porém não se sabe, ao certo, sua função. Colágeno tipo XVII também é encontrado na membrana basal, sendo o principal componente das fibrilas de ancoragem o colágeno tipo VII.

sábado, 23 de outubro de 2010

MATRIZ EXTRACELULAR

Matriz extracelular
   Um elemento muito importante durante a reparação celular e que precisa de se manter íntegro
para que ocorra regeneração é a matriz extracelular.
Esta consiste basicamente, em proteínas estruturais fibrosas (que incluem vários tipos de
colagénio e glicoproteínas de adesão), e numa matriz intersticial constituída por
proteoglicanos. A matriz extracelular tem um papel muito importante na estimulação da
proliferação e diferenciação celular, direcciona a migração celular entre os tecidos e permite
a adesão das células aos tecidos.
   As células parênquimatosas ligam-se à matriz extracelular através de integrinas. Assim, as
integrinas, medeiam o contacto entre as células e a proteínas da matriz (colagénio e
fibronectina) e permitem, também a transmissão de estímulos da matriz para o núcleo da
célula. Estes estímulos induzem proliferação, diferenciação e síntese de proteínas que
interferem na migração celular.

   A matriz é um elemento extremamente activo e dinâmico. Para que se processe a
reparação, regeneração e cicatrização é essencial a comunicação entre as células do
parênquima e os elementos da matriz..

sinalizaçao celular

     A sinalização celular faz parte de um complexo sistema de comunicação que governa e coordena as actividades e funções celulares. A habilidade que as células possuem em perceber e correctamente responder ao seu ambiente envolvente, forma a base do desenvolvimento, da reparação de tecidos, da imunidade e de outras funções de homeostasia em tecidos. Erros existentes no processamento de informação celular são responsáveis por doenças como o cancro, a autoimunidade e diabetes. Ao se entenderem melhor os processos de sinalização celular, muitas doenças poderão ser tratadas de maneira mais eficaz e, em teoria, tecidos artificiais poderão ser fabricados.
A linha tradicional de investigação em biologia tem-se focado em estudar partes das vias de sinalização celular. O estudo de sistemas biológicos ajuda na compreensão da estrutura subjacente das redes de sinalização e em perceber como as mudanças nessas redes afectam a transmissão de informação
tipos de sinalização:
   Alguns tipos de comunicação célula a célula requerem que estas estejam em contacto directo. Algumas células formam junções comunicantes que fazem a conexão entre os seus citoplasmas. No músculo cardíaco, estas junções permitem a propagação do potencial de acção a partir do pacemaker cardíaco até outras regiões do coração, fazendo com o órgão se contraia coordenadamente.

A via de sinalização Notch é um exemplo de sinalização justácrina em que duas células adjacentes têm que ter contacto físico para que se processe a comunicação. Este requerimento de contacto directo permite um controlo preciso da diferenciação celular durante o desenvolvimento embrionário. Na espécie Caenorhabditis elegans, duas células da gônada em desenvolvimento têm iguais hipóteses em terminar a sua diferenciação ou em se tornar numa célula precursora uterina que continuará a dividir-se. A escolha de qual das células continua a dividir-se é controlada por competição de sinais na superfície celular. Uma das células irá produzir maior quantidade de uma proteína da superfície celular que activará os receptores Notch na célula adjacente. Isto irá activar um sistema de feedback que reduz a expressão de receptores Notch na célula que se irá diferenciar e aumentá-los na superfície da célula que continuará como célula estaminal.[4]
Muitos sinais celulares são transportados por moléculas que são libertadas por uma célula e que depois se movem até entrarem em contacto com outras células. Os sinais endócrinos são denominados de hormonas. As hormonas são produzidas por células endócrinas e viajam pelo sangue para alcançar outras partes do corpo. A especificidade da sinalização é controlada se determinada célula puder responder a um sinal específico. A sinalização parácrina tem como alvo apenas as células que estão na vizinhança da célula emissora do sinal. Os neurotransmissores são um exemplo deste tipo de sinalização. Algumas moléculas podem funcionar simultaneamente como hormonas e neurotransmissores. Por exemplo, a epinefrina e a norepinefrina podem funcionar como hormonas quando libertadas pela glândula adrenal, sendo transportadas através da corrente sanguínea até ao coração. A norepinefrina pode também ser produzida pelos neurónios, funcionando como neurotransmissores no cérebro. O estrogénio pode ser libertado pelo ovário e funcionar como hormona ou actuar localmente via sinalização autócrina ou parácrina...

sábado, 16 de outubro de 2010

FIBROSE

A fibrose do tecido conjuntivo é a consequência inelutável das cicatrizes operatórias, dos macros e micros-traumatismos e das inflamações diversas.
Aqui consideramos apenas a fibrose patológica, porque a fibrose é um fenómeno natural do processo de envelhecimento natural das fibras do tecido conjuntivo.

Esta fibrose patológica materializa-se sob a forma de corpúsculos fibróticos e de aderências que reduzem a elasticidade do tecido conjuntivo, modificando a eficácia metabólica, perturbando os numerosos tipos de receptores nervosos.
O complexo conjunto desta fibrose
(e dos seus efeitos combinados) faz parte dos componentes patológicos.

A alteração do tecido conjuntivo consiste numa modificação da sua organização fibro-tendinosa (do ponto de vista do volume, espessura e orientação) no sentido das tensões e da rigidez.
Às tensões, as contracções, as aderências, os espasmos musculares e as contraturas fibrosantes podem tornar-se factores primários da patologia reduzindo a eficácia circulatória, metabólica, mecânica e nervosa.

Estas causas são portanto diversas e revelam três origens principais:
. Cicatricial: por exemplo: pós–operatória, pós–traumática.
. Biomecânica: por exemplo: hiper solicitação.
. Metabólica: por exemplo: desregulamento hormonal, insuficiência de eliminação com intoxicação.

Ao nível locomotor, o resultado desta alteração irá provocar uma diminuição da mobilidade local por fibrose tendinosa, ligamentar, capsular ou muscular..

cicatrizaçao

Cicatrização

.
Uma cicatriz.
Cicatrização é o nome dado ao processo de reparo, o qual se faz à custa da proliferação do tecido conjuntivo fibroso, em que o tecido preexistente fica substituído por cicatriz fibrosa.
Para muitos, o processo de cicatrização é considerado um seguimento do processo inflamatório que provocou perda de substância. Realmente, na inflamação, o reparo se faz presente desde a fase aguda. O reparo também ocorre após perda de tecido por infarto, hemorragias, por ressecção cirúrgica, etc.
O processo de cicatrização ocorre em quatro fases importantes:
  • 1. Limpeza – Logo após o ferimento, os tecidos lesados liberam mediadores químicos da inflamação. Surge um processo inflamatório agudo e o exsudato fibrinoso na superfície, em contato com o ar fica ressecado, formando uma crosta, que auxilia a conter a hemorragia e a proteger o ferimento de contaminações externas. Enquanto houver inflamação ativa o processo de cicatrização não se completa.
  • 2. Retração – Reduz de 50% a 70% o tamanho do ferimento. Tem início dois a três dias após a indução do ferimento. Este fenômeno é resultado da ação dos miofibroblastos. Se a ação dos miofibroblastos se fizer de maneira exagerada surgem contraturas. Estas são muito comumente vistas nas cicatrizações após queimaduras extensas.
  • 3. Tecido de Granulação – É a parte mais característica do processo de cicatrização. Representa o novo tecido que cresce para preencher o defeito. O processo de angiogênese é dos mais importantes e parece ser basicamente o mesmo, tanto para formação do tecido de granulação, como, por exemplo, para criar um novo estroma pra células neoplásicas.
  • A angiogênese é o processo pelo qual células endoteliais secretam proteases que degradam a matriz extracelular, depois migram nos espaços perivasculares, proliferam e se alinham para formar novos vasos.
  • Durante o processo de angiogênese as células endoteliais são digeridas por moléculas que fazem interação célula-célula e matriz-célula. As células endoteliais se agrupam e fazem protrusão por entre os fragmentos das membranas basais, a princípio formando fileiras sólidas de células. Nestes brotamentos sólidos, as células endoteliais começam a apresentar vacúolos citoplasmáticos que se fusionam a princípio entre si e logo com os de células vizinhas, dando origem à nova luz vascular. Os sinais ou fatores responsáveis pela angiogênese derivam de vários tipos celulares.
  • Fatores por macrófagos (fator de angiogênese derivado de macrófago), mastócitos (heparina), plaquetas (fator de crescimento derivado de plaquetas, fator de transformação do crescimento, beta) e fibroblastos (fator de crescimento do fibroblasto) têm todos, efeito positivo sobre a angiogênese. Eles conferem um aspecto granuloso avermelhado à superfície (daí se origina o nome “tecido de granulação”) Os nervos entram no novo tecido tardiamente. Por isso, o tecido de granulação não dói, embora sangre ao menor contato. Entre os capilares aparecem muitos fibroblastos, pericitos, miofibroblastos e macrófagos. A matriz extracelular vai-se densificando com o passar dos dias, adquirindo cada vez mais fibras colágenas. Estas formam a princípio um padrão frouxo, mas pouco a pouco as fibras se dispõem em feixes paralelos, compactos, enquanto os vasos sanguíneos vão se tornando menos proeminentes e desaparecem. Assim, o tecido de granulação acaba dado lugar a uma cicatriz fibrosa, dura, esbranquiçada e retraída.
  • 4. Reepitelização – O crescimento do epitélio nas bordas da ferida se faz precocemente, sendo que as células epiteliais apresentam mitoses e começam a se intrometer por debaixo da crosta. A reepitelização é o acontecimento terminal no processo de reparo. Quando o tecido conjuntivo acaba de preencher o defeito, resta apenas pequena porção da superfície do ferimento ainda descoberta. Com o arremate final, rapidamente as células epiteliais crescem e restabelecem a continuidade do revestimento.
  • A princípio, a camada epitelial de revestimento é muito fina e deixa ver por transparência o tecido conjuntivo avermelhado, que vai se tornando mais denso com o passar do tempo, o epitélio vai se tornando mais espesso.
  • O processo é basicamente o mesmo para qualquer circunstância. Quanto menor a perda de substância, mais rápido e simples será o reparo. Nas feridas cirúrgicas, o ideal é aproximar o bastante as bordas com o auxílio de suturas, fazendo a aposição das mesmas quase sem deixar solução de continuidade. Quando isso acontece, o reparo se faz com um mínimo de produção de tecido conjuntivo, praticamente sem deixar cicatriz. Diz-se então que houve uma cicatrização por primeira intenção. Quando o reparo se faz com produção mais evidente de tecido de granulação usa-se o termo cicatrização por segunda intenção..