quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Colecistite aguda

A colecistite é uma inflamação da parede da vesícula biliar, em geral, resultado de um cálculo no canal cístico, que causa um ataque de dor repentino e muito agudo.
No mínimo 95 % dos indivíduos com inflamação aguda da vesícula tem cálculos biliares. Em casos raros, a inflamação é causada por uma infecção bacteriana.
A inflamação aguda da vesícula biliar sem a presença de cálculos é uma doença grave. Tende a produzir-se depois de feridas, operações, queimaduras, infecções espalhadas por todo o corpo (sepsis) e doenças críticas, particularmente em pacientes que recebem alimentação prolongada por via endovenosa. A pessoa não costuma mostrar sintomas prévios de uma doença da vesícula biliar até que experimenta uma dor repentina e agudíssima na parte superior do abdómen. Em geral, a doença é de prognóstico muito grave e pode evoluir para gangrena ou perfuração da vesícula. É necessária a cirurgia imediata para extrair a vesícula.
Sintomas
A dor, habitualmente localizada na parte superior direita do abdómen, é o primeiro sinal de inflamação da vesícula. Pode intensificar-se quando a pessoa respira profundamente e muitas vezes estende-se à parte inferior da omoplata direita. A dor pode tornar-se agudíssima e as náuseas e os vómitos são habituais.
É sintomático que o paciente sinta uma dor muito aguda quando o médico pressiona a parte superior direita do abdómen. Em poucas horas, os músculos abdominais do lado direito podem pôr-se rígidos. No princípio, pode apresentar uma febre ligeira, que, à medida que passa o tempo, tende a aumentar.
Em geral, um ataque de vesícula biliar acalma-se em 2 ou 3 dias e desaparece completamente numa semana. Se isso não acontecer, o paciente poderá sofrer de complicações graves. A febre alta, os calafrios, um marcado aumento dos glóbulos brancos e uma interrupção do movimento normal propulsivo do intestino (íleo) costumam indicar a formação de um abcesso, uma gangrena ou uma perfuração da vesícula biliar. Nestas condições torna-se necessária a cirurgia de urgência.
Podem aparecer outras complicações. Um ataque de vesícula biliar acompanhado de icterícia ou de um retrocesso de bílis para o fígado indica que o canal biliar comum poderá estar parcialmente obstruído por um cálculo ou por uma inflamação. Se as análises de sangue revelam um aumento da concentração no sangue do enzima amilase, a pessoa poderá ter uma inflamação do pâncreas (pancreatite) provocada por uma obstrução do canal pancreático por cálculos biliares.
Diagnóstico
Os médicos diagnosticam uma inflamação aguda da vesícula biliar baseando-se nos sintomas do paciente e nos resultados de certos exames clínicos. Muitas vezes a ecografia ajuda a confirmar a presença de cálculos na vesícula biliar e pode mostrar um espessamento da parede da mesma. A gamagrafia hepatobiliar (uma técnica de imagem que se realiza depois da administração de uma substância radioactiva por via intravenosa) contribui para um diagnóstico mais preciso. Este exame proporciona imagens do fígado, dos canais biliares, da vesícula biliar e da parte superior do intestino delgado.
Tratamento
Em geral, uma pessoa com inflamação aguda da vesícula biliar é hospitalizada, administram-se-lhe líquidos e electrólitos por via intravenosa e não se lhe permite comer nem beber. Em algumas ocasiões, pode passar-se uma sonda através do nariz até ao interior do estômago, de modo a que, por meio de aspiração possa manter-se o estômago vazio, reduzindo assim a estimulação da vesícula biliar. Habitualmente, administram-se antibióticos mal se suspeite da existência de uma inflamação aguda da vesícula biliar.
Se o diagnóstico for claro e o risco da cirurgia pequeno, a vesícula biliar extrai-se dentro dos dois primeiros dias da doença. Contudo, se o doente apresenta alguma outra doença que aumente o risco da cirurgia, a operação pode ser adiada enquanto esta última é tratada. Se o ataque agudo se resolver por si, a vesícula biliar pode ser extraída posteriormente, preferencialmente depois de 6 semanas ou mais. Quando se suspeitar da existência de possíveis complicações, tais como a formação de um abcesso, uma gangrena ou a perfuração da vesícula, geralmente é necessária a cirurgia imediata.
Uma reduzida percentagem de pessoas tem novos ou repetidos episódios de dor, que sentem como ataques de vesícula biliar, mesmo quando já não têm vesícula. A causa destes episódios é desconhecida, mas poderiam ser o resultado de um funcionamento anómalo do esfíncter de Oddi, a abertura que controla a libertação de bílis no intestino delgado. Pensa-se que a dor pode ser o resultado de um aumento da pressão nos canais, causado pela resistência ao fluxo de bílis ou às secreções pancreáticas. Em alguns pacientes, os pequenos cálculos que ficam depois da operação podem causar dor. O médico pode usar um endoscópio (tubo flexível óptico com acessórios cirúrgicos) para dilatar o esfíncter de Oddi. Este procedimento geralmente alivia os sintomas em pacientes com uma anomalia diagnosticada do esfíncter, mas não é eficaz para os que só sentem dor.

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